O livro “Cerveja, alemães e Juiz de Fora”
Lançado em 2015 reúne relatos de cervejeiros e recupera a origem germânica da cidade, para divulgar o crescente polo cervejeiro da região. Alexandre Hill Maestrini é um juiz-forano descendente dos imigrantes alemães que colonizaram Juiz de Fora. Curioso por seus antepassados, começou a pesquisar sobre os alemães – e foi cair, justamente, numa história repleta de cerveja. Os imigrantes alemães chegaram à cidade em 1858, e já em 1861 Sebastian Kunz abria a primeira cervejaria de Minas, a Cervejaria São Pedro. “Juiz de Fora chegou a ter mais de oito cervejarias funcionando paralelamente, gerenciadas pelos imigrantes alemães e seus descendentes. Fascinado pela história, comecei a procurar os cervejeiros legalizados da cidade e entrevistá-los.” A pesquisa foi crescendo e ganhando grandes proporções: Alexandre descobriu, por exemplo, que no exato local da Cervejaria São Pedro hoje funciona a Cervejaria Barbante, de Pedro Peters, descendente de Kunz. Depois de resgatar a trajetória das cervejarias históricas da cidade e registrar o crescimento dos microcervejeiros locais, o autor começou a encontrar os primeiros homebrewers da região – e entrevistou mais de 40 deles. Depois de cerca de 500 horas de pesquisas, entrevistas e revisões, ele havia reunido um apanhado cervejeiro da cidade e mais 72 histórias pessoais. O resultado deste trabalho é um livro repleto de relatos cativantes de pessoas envolvidas com o movimento artesanal na Zona da Mata Mineira.
Rede cervejeira
O livro é uma coleção de histórias. Além da trajetória cervejeira, o autor procurou desvendar as motivações e histórias pessoais de cada cervejeiro. “Quando entrevistava os cervejeiros conhecidos na cidade, cada um contava sobre a existência de mais uma dezena de outros cervejeiros caseiros, que também produziam suas pérolas geladas improvisadamente. Ao procurá-los, percebi que as histórias eram interessantíssimas e que os homebrewers mostravam uma trajetória de vida que sempre se entrelaçava com os outros cervejeiros”, conta. “Para dar mais atualidade ao tema e mostrar que o mercado das cervejas especiais é um potencial desconhecido que cresce a cada dia, decidi que o livro seria uma série de relatos que levaria o leitor a impressão de ele próprio estar entrevistando o cervejeiro.” Além dos relatos, há um breve panorama da história da cidade, incluindo suas origens e o movimento imigratório alemão. Diretor do Instituto Autobahn de Cultura Alemã, Alexandre também vê no movimento cervejeiro uma forma de disseminar a cultura germânica – a cerveja sendo um elo da cidade com seu passado germânico, além de uma possibilidade de negócios e para o turismo na região. Núcleo da Zona da Mata, Juiz de Fora já tem a segunda maior produção artesanal do estado, atrás apenas de Belo Horizonte (Sebrae-MG). O movimento artesanal começou a se fortalecer por lá em 1999, através dos homebrewers – momento que coincide (outra vez) com a chegada de alemães na cidade, desta vez enviados pela fábrica Mercedes Benz. O livro desvenda e faz conhecer os integrantes do polo cervejeiro da cidade, o que também acaba contribuindo para seu desenvolvimento.
Zona de homebrewers
Para colocar a pesquisa nas prateleiras, o autor fez uso do crownfunding, através do site de financiamento coletivo Catarse. Foram 63 apoiadores, além do apoio do Consulado da Alemanha no Brasil, do Instituto Autobahn, da Abrasel Zona da Mata, do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora e do Independência Trade Hotel. Como produção independente, a obra pode ser encomendada diretamente do autor (alexandre@institutoautobahn.com.br), que, além de escritor, é homebrewer: em 2014, começou a produzir sua Hills Bier. Coincidentemente, nesse mesmo ano surgiu em Juiz de Fora a Acerva da Zona, que em janeiro de 2016 se oficializou como regional da Acerva Mineira. “Os cervejeiros caseiros são a alma do resgate da tradição alemã em Juiz de Fora de se brassar a própria cerveja e apresentar aos amigos e apreciadores, com orgulho, um produto de qualidade. Foi também como homebrewers que os hoje 11 microcervejeiros registrados da cidade começaram suas carreiras de sucesso no setor da cerveja, e é deles que veio a disseminação das técnicas para os interessados em começar a produzir em casa”, destaca Alexandre. A valorização do hobby cervejeiro, que pode virar negócio, transborda de cada página. Uma segunda edição do livro já está nos projetos do autor, para trazer relatos dos muitos outros homebrewers que conheceu depois do fechamento do livro. Em sua contagem, são mais de 130 cervejeiros no polo Juiz de Fora. “Cerveja, alemães e Juiz de Fora”, além de resgatar a influência alemã em suas origens, serve como documento do atual momento cervejeiro da cidade.
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Alexandre Hill Maestrini
Editar Editora Associada
Ano: 2015
Páginas: 264
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