Precisamente no dia 12 de junho de 1858, há mais de 160 anos, os primeiros imigrantes germânicos contratados por Mariano Procópio chegaram na Estação do Juiz de Fora. Tinha sido uma longa jornada saindo de seus países na Europa, velejando pelo Atlântico com dificuldades, chegando ao porto do Rio de Janeiro, subindo à pé para Petrópolis e seguindo ao destino final: a Cidade do Parahybuna, como Juiz de Fora era chamada naquela época. Este dia é considerado como o marco da imigração germânica em Juiz de Fora e em homenagem aos 160 anos da colonização o autor Alexandre Müller Hill Maestrini, tetraneto de imigrantes germânicos e professor de alemão do Instituto Autobahn editou o livro “Franz Hill – Diário de um Imigrante Alemão”, a ser lançado na exata data comemorativa de 12 de junho de 2108.
Depois de lançar seu primeiro livro “Cerveja, Alemães e Juiz de Fora” e traçar um panorama das cervejas artesanais na cidade, o memorialista foi em busca da história de sua família e começou a se questionar porque ocorreram estas ondas imigratórias para a Zona da Mata. O objetivo de suas pesquisas foi inicialmente conhecer as verdades sobre sua descendência, mas em paralelo descobriu as histórias parecidas de centenas de famílias juizforanas. Além disso Hill procurava sua própria identidade e suas raízes, mas acabou descobrindo respostas para muitas das perguntas comuns aos mais de 50.000 descendentes germânicos que vivem hoje por aqui. Como era a região de origem dos emigrantes? Quais razões motivaram as pessoas a deixarem sua terra natal? Como foi tomada a decisão da emigração? Como eram as condições no navio? Como transcorreu a vida nos primeiros anos no Brasil? O que permanesceu da bagagem cultural germânica? Entre outras.
O leitor passeia por uma história prazerosa, educativa e enriquecida com dados de fontes primárias e secundárias e com fatos relevantes, resultado de pesquisas profundas em ambos os países de origem e de destino de seu tetravô Franz. Detalhes importantes deste quebra-cabeças Alexandre e sua esposa encontraram na Alemanha, em estudos e pesquisas nos arquivos históricos disponíveis em Berlin, Hamburg, Wendelsheim, Wöllstein. De volta ao Brasil o casal vasculhou as fontes em Petrópolis, Rio de Janeiro, Juiz de Fora e online. Assim o Diário de um Imigrante Alemão se tornou um resgate, uma síntese entre a memória, a história e a literatura, onde Hill desvenda as aventuras e desventuras de seus antepassados, que deixaram o pequeno vilarejo de Wendelsheim, na Europa Germânica e se juntaram a tantos outros conterrâneos no Brasil. Ele traça um panorama real da vida de Franz, reconstruindo sua realidade baseada em histórias paralelas de outros emigrantes, relatos de descendentes e histórias semelhantes já escritas. O diário imaginário, dirigido ao tetraneto do futuro Alexandre, foi escrito em 1861 por seu tetravô Franz e entregue em 2016 através do canal atemporal da consciência coletiva, relatando suas histórias e memórias entre 1808 e 1861.
Em breve resumo do livro, em 1808 a família imperial portuguesa tinha sido forçada por Napoleão a fugir para sua colônia brasileira. Em poucos anos precisou-se abrir as fronteiras e muitos estrangeiros escolheram o Brasil na tentativa de enriquecer. Anos mais tarde o Brasil ficava independente de Portugal e precisava de exércitos para proteger-se contra Portugal e contra os países do sul, assim em 1824 começaram as colonizações e diversas fazendas receberam os imigrantes agricultores de idioma germânico. Mas nesta época a realidade do Brasil era a escravidão que em 1850 começa a sofrer pressões inglesas para a abolição. O Imperador Dom Pedro II motivado em branquear o Brasil desencadeou nova onda de apoio à imigração e se valeu dos europeus brancos que estavam com dificuldades para sobreviver em meio de uma Europa empobrecida. Quando viram as promessas das propagandas para emigrarem para um paraíso, em pouco tempo muitos decidiram vender tudo e embarcar para o Brasil independente. O autor descreve com detalhes a odisséia marítima; depois de um mês de viagem com privações os primeiros contratados de Mariano Procópio chegaram ao Rio de Janeiro. Subiram à pé a Serra de Petrópolis e seguiram em carroções por vários dias. Eles vieram andando e admirando a natureza tropical, mas já sofrendo com os insetos desconhecidos e o sol tropical. Porém o que não imaginavam era que ao chegarem na Cidade do Parahybuna, em meio aos “Barões do Café”, muitas surpresas ainda os esperavam na Colônia Dom Pedro II.
Ao final o leitor ainda recebe dicas para buscar suas próprias raízes: conversar com seus parentes vivos; buscar em cartórios as certidões de seus pais, avós, bisavós e etc; pesquisar nos arquivos da cidade e da igreja, nas paróquias e nos arquivos diocesanos; pesquisar nos artigos de jornais da época, nos aquivos do judiciário e nos arquivos históricos; ler tudo que encontrar sobre os imigrantes e, é claro, aprender o idioma de seus antepassados para poder pesquisar nas fontes originais.
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Por Alexandre Müller Hill Maestrini
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